Índice

Ciclídeo Notícias

3

 

 

Renovação de quotas

3

 

 

Criação e manutenção de

Synodontis multipunctatus / Synodontis petricola

4

por César Moreira

 

 

 

Placidochromis phenochilus

8

por Manuel Zapater

 

 

 

Cooperativa APC

10

 

 

1500/150 - 1500 Litros de água por 150 Euros

11

por Luís Alves

 

 

 

Haplochromis nubilus

14

por José Luis Blanco

 


Editorial

por Paulo José Alves

Presidente da APC (#2)

 A tolerância em relação à temperatura constitui um importante e interessante ponto de discórdia no que concerne a manutenção dos Ciclídeos em aquário. A esmagadora maioria dos nossos amigos de escamas é mantida dentro da faixa 24º a 27ºC. As excepções são sempre os Discos , tidos geralmente perto dos 30ºC quando 26º-27ºC chegam perfeitamente para o dia a dia e 28º-29ºC são adequados para a reprodução. As altas temperaturas, ao aumentarem o metabolismo, “queimam” mais depressa o peixe fazendo com que viva menos tempo. Mas existem aqueles que mantêm o que é, à partida, tropical em temperaturas bem mais frescas. Isto é, no Inverno os aquecedores estão desligados… Além da poupança óbvia de electricidade, há todo um conjunto de questões que se põem. Em primeiro lugar, um pequeno número de espécies de ciclídeos existe na zona temperada Norte na América do Norte, no Norte de África e no Médio Oriente. Um outro existe na zona temperada Sul no Sul da América do Sul e na África Austral. Sendo zonas temperadas têm, Inverno, ameno e pouco prolongado, mas Inverno. Nalgumas as temperaturas no Inverno são bastante similares às que existem no nosso País na mesma estação. Exemplo disto é o Sul do Brasil, de onde vem o Cichlasoma facetum, o nosso conhecido Chanchito, que como a zona circundante do Uruguai e Argentina, desfruta de um clima não muito diferente do nosso. O Chanchito aclimatou-se completamente às nossas condições ecológicas e conquistou totalmente o sul do nosso País. Aqui está um exemplo de uma espécie que não necessita de aquecimento. Fala-se também há bastantes anos, especulativamente, da existência de Tilápias em barragens do Alentejo… No entanto as espécies subtropicais são escassas no mercado, embora muito interessantes. Mas a questão principal refere-se aos ciclídeos comuns, que são todos tropicais. Que temperaturas é que toleram e quais os efeitos?  Dois ou três graus abaixo da media a que a espécie está habituada provoca um desaparecimento do desejo de reprodução, as cores podem, ou não, desfalecer um pouco, o metabolismo abranda e a actividade e o apetite podem, também e consequentemente, diminuir. Alguns ciclidófilos com grandes aquários, para não terem uma igualmente grande conta de electricidade, deixam a respectiva temperatura baixar até aos 20-22ºC durante os meses mais frios. Tanto os Malawi como os Centro Americanos suportam este tratamento sem problemas.  Conheço um caso de um criador que faz o mesmo com Tanganyikas, incluindo Tropheus, e a temperaturas tão baixas como 18ºC… Não aconselho em absoluto esta experiência, na minha percepção as espécies do Tanganyika são, talvez mais do que quaisquer outras espécies, sensíveis a temperaturas demasiado baixas. Creio que até tão baixo como 22ºC qualquer espécie de ciclídeos aguenta bem, exceptuando Discos e Tanganyikas . Algumas espécies do Malawi continuam a reproduzir-se pois que essa é a temperatura à profundidade a que se encontram. A 20ºC é quase a mesma coisa ,mas o entorpecimento de movimentos e decréscimo de apetite é mais notável. Mantive muitas espécies Neotropicais e Africanas  a uma média de 18º C durante o Inverno sem notar qualquer efeito negativo a não ser a paragem do crescimento. Isso é particularmente notável  nos jovens, tê-los em agua fria é parar-lhes o desenvolvimento que na maior parte dos casos não é recuperável  nem mesmo em condições já optimizadas. Falta também saber se a exposição a temperaturas baixas não provoca algum efeito negativo a  médio ou a longo prazo. O ideal, claro, seria respeitar as condições de temperatura que cada espécie encontra na Natureza e que em muitos casos são algo variáveis ao longo do ano. Basta, no entanto, mantê-los em valores não extremados, que podem ser confirmados em bons livros de referência sobre Ciclídeos ou com criadores experientes e que, na maior parte dos casos, anda á volta dos 25 ou 26ºC. Um acréscimo será necessário para provocar a reprodução em muitas espécies, enquanto para outras, as súbitas variações simulam o que se passa na Natureza e levam á postura de espécies tidas como difíceis. A experiência de um, muitas vezes, não coincide com a de outro e, o que é necessário para um para alcançar o êxito é supérfluo para outro. A temperatura e os seus efeitos nos habitantes do aquário são um assunto vasto e muito interessante e de uma aprendizagem sem fim. Essa diversidade na experiência aquariofila é um dos grandes atractivos do nosso hobby.      ¥


1500/150 – 1500 Litros de água por 150 Euros

Artigo e fotos de Luís Alves; APC #8

Quando o fish room já é uma realidade, e apenas precisamos de água livre, aqui está uma solução para carteiras curtas e donos ambiciosos...

Antes de mais, limpeza!

Criar espaço leva a que o fish room do ciclidófilo inveterado e muito ocupado seja revisto na necessária e adiada arrumação. Mais vale tarde que nunca; Já vão longe as fantasias de layouts sofisticados, bancadas feitas à medida, circuitos de água independentes e aquecimentos centralizados!

Os trocos já acabaram, a cabeça está cheia de obras, o empreiteiro espremeu-nos até ao tutano, e 9 m2 de espaço, alguns aquários, móveis e bancadas encontradas aqui e ali é o que existe e dá muitas emoções, desde dores marcadas na união braço-antebraço, até olhares avaliativos mais ou menos óbvios no resultado...

Ok! Aglomerado de 19mm, umas tantas contas num papel, uns tacos de soalho a granel, mais umas traves de 7x5, uns tantos acessórios metálicos, lona de lago, vontade e parafusos.

Base, convém começar pela base.

A cola quente faz milagres pois seca em segundos.

Levantar a base com as fileiras de tacos permite criar acesso para limpeza e secagem dos muitos derrames que um fish room sofre:

Já no local definitivo, passemos às paredes.

Convém perceber que a base deve ser cerca de 2x2cm mais larga que as paredes, pois a estrutura vai ceder, curvar, e mesmo assim ser apoiada pela base...

Resistência e flexibilidade, conseguida pelos barrotes unidos como molduras e colocados a distâncias chave da base:

Caixa feita, “basta” colocar a lona, alguns refúgios para os mais pequenos, lâmpadas conforme os recur$os, filtro de leca e power-head de 1500L/h. A rede impede os mais radicais de praticar body-jump para o mosaico:

 

Resultados: Bom para criar peixes, sem intuito de observar as suas cores. A vista de flanco não está disponível, e esta é a única que nos corta o efeito espelho da superfície da água. Vistos de cima os peixes surgem camuflados. A iluminação dentro de água deverá obviar este problema, mas o equipamento para tal é normalmente muito caro...

A temperatura é difícil de manter,  apesar da resistência de 300W, mantida nos 21º por razões de economia.

A humidade ambiente sobe drasticamente, provocando as esperadas escorridelas nas paredes.

Solução para um fish room, impensável para ter em casa. ¥  

 


Associação Portuguesa de Ciclídeos

Apartado 28 – 7300 Portalegre